O PCC, Voldemort e os ratos jamais serão vencidos
O português João Pereira Coutinho, certa vez, começou sua crônica da seguinte forma:“Os defensores dos ‘direitos’ dos animais sempre tiveram um problema: como sentir empatia por criaturas que não fazem parte da nossa paisagem humana?”
E é sobre esses seres que Coutinho desenvolve seu texto — ou melhor, sobre os defensores desses bichos, se é que pulga é um bicho. Como humanizar aqueles seres que não ficam próximos a nós, e que nos trazem ojeriza? Coutinho pergunta:
“Mas, aqui entre nós, quem estaria disposto a defender publicamente os direitos das ratazanas — sim, ratazanas infectas e repulsivas? [...] As ratazanas vieram para a rua. Passeiam impunemente pelas calçadas.”
Negar a existência para vencer o inimigo
Por muito tempo o governo negou a existência da facção, e, outro dia, quando fui chamado à delegacia para prestar depoimento sobre este site, insistiu-se para que seu título fosse alterado, pois Primeiro Comando da Capital, bem, assustava… assim como Voldemort ou os ratos.Não que sejam invencíveis, mas, precisamente por preferirmos não sentir empatia e não conhecê-los, a lenda se perpetua e cresce ao nosso lado. Marcola afirma que para o PCC essa política de fazer de conta que eles não existem ou que são “os inimigos distantes” é favorável, algo como: “não falem bem, mas não falem de mim”.
Antonio Lassance nos lembra a consagrada obra de Nicolau Maquiavel, "O Príncipe". O texto nem chegou a ser escrito em forma de livro, era apenas um manuscrito, e nada indicava que sairia da mediocridade, no entanto, para sua sorte, a Igreja colocou-o na lista dos livros proibidos, o temido "Index Librorum Prohibitorum" — como dizemos hoje kkk!!!
As sombras protegem e fortalecem
Não é de hoje que o que é proibido é mais gostoso, e segundo Antonio Lassance, Maquiavel provou isso há quase meio milênio, e agora o Primeiro Comando da Capital experimenta a mesma sensação — a organização criminosa foi criada no início da década de 1990 e graças às manobras de ocultação do governo e da imprensa, só chegou à internet em 28 de fevereiro de 2001, por meio do repórter Douglas Tavolaro, da Revista Isto É.
Existem aqueles que acham que proibindo ou chamando o PCC de "a organização criminosa que age dentro e fora dos presídios" vão conseguir com isso esconder ou eliminar o problema, e existem aqueles que discordam dessa linha de raciocínio.
A InSight Crime — Investigation and Analysis of Organized Crime tem uma página específica para artigos, trabalhos e notícias sobre o First Capital Command e sobre o Primer Comando Capital, e me envergonha dizer que ela é melhor do que qualquer outra que tenha encontrado no Brasil.
Se eu tivesse conhecido o trabalho deles antes, eu mesmo acharia que os estou plagiando os caras!!!
Da Torre do Tombo para Bogotá
O português Coutinho me trouxe a base deste texto. Assim como eu, vários brasileiros atravessam o Oceano (mesmo que seja navegando pela internet) para consultar a História do Brasil na Torre do Tombo em Portugal. É, nossa história está lá, e não aqui.Fica a dica para quem quer se aprofundar no estudo sobre as facções criminosas transnacionais: a organização, que tem sede na Colômbia e em Washington, está aceitando estudantes de mestrado ou doutorado para estágio não remunerado, presencial ou a distância.
Onde citei neste site o PCC transnacional → ۞
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